Jéssica Plamer
Esta carta foi deixada por uma jovem de 14 anos chamada Jéssica (minha vizinha), ela morreu em um acidente de moto (na BR 116 – Pelotas) aos 14 anos de idade no dia 29 de outubro de 2007. Eu tive em minhas mãos a carta manuscrita, e o mais interessante é que a estória por ela escrita parece ser o registro da historia da sua própria vida.
Atenção:
Dois irmãozinhos brincavam em frente de casa, jogavam bolinhas de gude, quando Joel o menino mais novo, disse ao irmão Juliano:
Juliano eu te amo e nunca quero me separar de você. Sem dar muita importância ao que Joel disse, Juliano pergunta: Quer continuar jogando, ou falar besteiras?
E os dois continuaram jogando ate anoitecer.
A noite o senhor Nelson, pai dos garotos, chegou do trabalho, estava muito exausto e mau humorado, pois não havia conseguido fechar um negócio importante.
Ao entrar, Joel olhou para seu pai, sorriu e disse: Papai, olá tenho uma coisa para lhe dizer... Nelson, no auge do mau humor disse: Joel eu estou exausto e nervoso, então não me venha com besteiras!
Mas papai... insiste Joel. Já falei moleque! Com as palavras ásperas do pai Joel ficou magoado e foi chorar no canto do quarto.
Na hora do jantar, dona Neiva, a mãe dos garotos, sentindo falta do filho, foi procurá-lo pela casa, até que o encontrou com os olhinhos cheios de lagrimas. Dona Neiva, espantada começou a enxugar as lagrimas do filho e perguntou:
O que foi Joel. Porque choras?
Joel olhou para mãe com expressão triste e lhe disse: Mamãe, meu pai e meu irmão não prestam atenção em mim, mas mamãe eu a amo muito e não quero me separar de você! Dona Neiva sorriu para o filho e disse; Meu amado filho, você é muito especial, eu o amo muito, ficaremos juntos para sempre.
Joel sorriu deu um beijo na mãe e foi se deitar. No quarto do casal, ambos se preparando para se deitar, dona Neiva pergunta ao marido Nelson: Nelson, o Joel esta muito estranho hoje, não acha? Nelson muito estressado diz a esposa: Esse menino só esta querendo chamar atenção. Deita e dorme mulher! Então todos se recolheram e dormiram sossegados.
As duas horas da manhã, Joel se levanta, vai ate o quarto de seu irmão Juliano e fica observando o irmão dormir. Juliano, incomodado com a claridade, acorda e grita com Joel: Seu louco apaga essa luz e me deixa dormir.
Joel em silencio obedeceu ao irmão apagou a luz e se dirigiu ao quarto dos pais. Chegando acendeu a luz. Seu Nelson acordou e perguntou ao filho: O que aconteceu Joel? Joel, em silencio só balançou a cabeça em sinal negativo, respondendo ao pai que nada havia ocorrido. Então seu Nelson, irritado, perguntou à Joel: O que foi moleque chato? Joel continuou em silencio.
Nelson já muito irritado berrou com Joel. Então vai dormir seu doente! Joel então apagou a luz e se dirigiu ao seu quarto e se deitou. Chorando começou a chamar pelo pai: Papai, papai._ e algum tempo depois tudo silenciou-se. Na manha seguinte, todos levantaram cedo. O seu Nelson iria trabalhar, a dona Neiva levaria os meninos para a escola. Mas Joel não se levantou. Seu
Nelson, bufando entrou no quarto do garoto e gritou: Levanta seu vagabundo! Joel nem se mexeu. Então Nelson avança sobre o garoto e puxa com força o cobertor do menino com o braço direito levantado, pronto para lhe dar um tapa, quando percebe que Joel estava com os olhos fechados e que estava pálido. Nelson assustado colocou a mão sobre o rosto de Joel e pode notar que o seu filho estava gelado.
Desesperado, gritou chamando a esposa e o filho Juliano para ver o que havia acontecido com Joel.
Infelizmente o pior. Joel estava morto e sem qualquer motivo aparente. Dona Neiva, desesperada, abraçou o filho morto e não conseguia nem respirar de tanto chorar. Juliano desconsolado segurou firme a mão do irmão e só tinha forças para chorar. Nelson, em desespero, soluçando e com os olhos cheio de lagrimas, percebeu que havia um papelzinho dobrado no bidê ao lado da cama. Nelson pegou então o pequeno pedaço de papel e havia algo escrito com a letra de Joel: Dizia o seguinte: “ Outra noite Deus veio falar comigo através de um sonho, disse a mim que apesar de amar minha família e ela me amar, teríamos que nos separar.
Eu não queria isso mas Deus explicou que seria necessário. Não sei o que vai acontecer, mas estou com medo. Gostaria que ficasse claro apenas uma coisa: Juliano não se envergonhe de amar seu irmão. Mamãe, a senhora é a melhor mãe do mundo. Papai, o senhor de tanto trabalhar se esqueceu de viver, mas nos momentos que eu tanto te irritei eu só queria lhe dizer: “Eu te amo muito”.
E amo também todos vocês!!!
Moral da estória: Presta atenção no que as pessoas lhe dizem ou querem lhe dizer, pois pode ser a ultima vez que você ouvira a voz dela. E do mesmo modo, presta atenção no que Jesus quer lhe falar hoje, pois amanhã pode ser tarde para você!
Jéssica Plamer
Transcrito por Daniel Popping
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